La Lhengua Mirandesa - A Segunda Língua Oficial de Portugal
O mirandês é uma língua românica falada no nordeste de Portugal, especialmente na região de Miranda do Douro. Deriva do latim, assim como o português, e pertence ao mesmo grupo das línguas asturo-leonesas, sendo, portanto, mais próxima do leonês do que do português propriamente dito. No entanto, o contato histórico e geográfico com o português fez com que o mirandês adotasse muitos traços lexicais e fonéticos semelhantes, tornando-o parcialmente inteligível para falantes de português. Desde 1999, o mirandês é reconhecido oficialmente em Portugal como segunda língua do país, símbolo da diversidade linguística nacional.
Neste artigo focarei em comparar algumas características específicas do mirandês e descrever como ele evoluiu a partir do latim, destacando também suas diferenças tanto do português quanto do espanhol. A primeira mudança do mirandês, sendo esta compartilhada com o espanhol, mas não com o galego-português, é a presença das vogais ĕ e ŏ breves do latim. Elas se tornaram abertas no galego-português, porém ditonguizaram no espanhol e no asturiano-leonês. Por exemplo: o mirandês tem puorta e fierro, enquanto o galego-português apresenta porta e ferro
O mirandês, ao contrário do espanhol, mantém o F inicial em todas as palavras. Enquanto o mirandês tem fierro, fazer, falar, o castelhano tem hierro/fierro, hacer, hablar.
Uma característica que o mirandês compartilha com o catalão é a palatalização do L inicial. Portanto, LACTE, LUNA e LUPU dão lheite, lhuna e lhobo. Observe que, ao contrário do grupo galego-português, as consoantes intervocálicas -N- e -L- se mantiveram intactas.
Analisando a palavra CHUBA (cognata da nossa palavra “chuva”), notamos que o mirandês também sofreu palatalização de PL- para CH-. Também é notável a ausência quase geral de E-, O- e I- átonos em início de palavra, ocorrendo a mutação de E e I para A e a ditongação de O e I para OU e EI. Exemplo: anfluença, ouceano, antender, eidoso (influência, oceano, entender e idoso).
O fonema V funde-se com B: screbir, stube, bida (escrever, estive, vida). Como as línguas da península Ibérica, a vozeamento de P, T e C entre vogais: VERITATE, LUPU, CAECU dão berdade, lhobo, ciego.
Escrevi este artigo a partir das minhas observações das palavras mirandes ass e sua comparação com seus equivalentes em latim.